sábado, 22 de dezembro de 2007

Volver


Minh’alma vaga noutros tempos.
Eu bebo na taça amarga do passado,
Mordo a fruta podre de outros dias,
Como do doce azedo e ressecado.

É do ontem que desenho paisagens.
Há um ano apaixonei-me por ti,
Há três meses perdi seu louco amor,
Há semanas me descomprometi.

Vivo o hoje a alegria de anteontem.
Perco o presente a despedaçar as rosas
De um futuro impossível e distante,
Não somos mais duas almas dispostas.

Seus passos voltam ao ponto de partida.
Os sorrisos de outrora cobrem teu rosto
E teus beijos encontram minha boca fria,
Vive em mim um sentimento morto,
Que cisma em abrir ferida.]

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Delícia Tua

Eu não sou a delícia da canção
Que foge da tua boca ressecada.
Eu sou um pássaro errante
Que vive por bater em vão as asas.

Eu não sou o amor dos teus sonhos,
Nem o desenho que tanto ditaste.
Eu sou pintura quente e abstrata,
Sou o demônio que recriminaste.

Amas uma figura em preto e branco,
E eu sou rabisco colorido num papel.
Odeias palavras negras soltas ao vento,
Eu sou a boca exata que as diz ao céu.

Não mereço teu amor casto e inato.
Dize-me adeus, não fales comigo.
Não sei caminhar sobre teus passos,
Meu amor não vai mais ter contigo.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Beijos de sonhos

Sonhei com teus beijos de amor
numa noite solitária e calada.
Viajei nas tuas mãos quentes
esquentando minh'alma gelada.

Beijavas meus lábios sedentos
e minha tez sempre a clamar
pelos carinhos da tua boca doce,
meu coração, dentro de ti, a cantar.

Quisera eu sentir os beijos
nos dias frios sem te ver ou ter.
Poucas são as bocas de amantes
que cantando me fazem tremer.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Não

Não vá embora com olho mudo,
não me deixe só, no escuro,
não me lança este último olhar
calado, ele diz tudo.

Não me deixe sozinha no mundo,
não vá andando sem adeus,
ajuda-me a segurar o amor
perdido, também é seu.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Licença Poética

Disseram-me de seu amor imenso
E dos sonhos que sua boca me deu.
Quantos foram os sonhadores mágicos
Que não realizaram um sonho meu?

Falaram-me de flores de paixão,
Que sua mão, fria, nunca me deu.
Como sentirei o cheiro das pétalas
De um sentimento puro, que é meu?

Seu amor, nossos sonhos, suas rimas.
Eu os achava príncipes da felicidade,
Valentes guerreiros contra as maldades.

Meu amor, nossos medos, minhas rimas.
Eu sempre os achei reflexos de saudade,
Hoje descobri: são as mais puras verdades.