segunda-feira, 28 de maio de 2007

A Volta do Jardineiro Azul

Vens de novo, velho amante,
dizer palavras de flores,
trazes de volta os amores,
faze-me, de novo, amar errante.

Regando meu jardim morto
estás eterno jardineiro azul
quando dança o vento ao Sul,
envolvendo um galho torto.

Foges medroso, melindroso,
seguindo o vôo da mariposa,
quando chego, borboleta roxa,
deixa-me teu olhar piedoso.

As regras do jogo

Quebraste as regras do jogo,
meu jogo de rimas e versos,
poesia deste amor imenso,
lembrança de um amor morto.

Quando as regras ignoraste
perdemos um reino encantado
de sonhos e planos cantados
por mim, tua frágil amante.

Como animal prestes a fugir,
esperaste o momento certo
para retirar corpo teu de perto
da eternidade que te pedi.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Luz

Iluminou meu caminho escuro,
Mesmo sem saber se iluminar
Poderia meu destino mudar
E trazer-me de volta ao mundo.

Acordou minha alma adormecida,
Quase sem querer me acordar
Do pesadelo que poderia me matar
Entregou-me a felicidade escondida.

Dedicou seus olhos plenos de promessa,
Longe de pensar que prometer
Seria o caminho para trazer
O brilho dos meus olhos em festa.

Encontrou o paraíso e me levou,
Sem entender que o encontrar
Levaria minha boca a resgatar
A poesia apaixonada que hoje sou.

Brilho dos olhos

Vejo-te nos meus olhos,
Neste espelho de fantasia,
Ilusão, sonho e mentira,
Vejo teus passos mortos.

Sinto-te na minha boca,
Neste livro de capa rasgada,
Velha, suja, maltratada,
Sinto tua negra voz rouca.

Imagino-te nos meus sonhos,
Neste relato de vida curta,
Iluminada, bandida, muda,
Imagino teu tato de atos tontos.

Crio-te na minha vida,
Nestes livros presos na estante
Lúdica, passada, distante,
Crio uma história já perdida.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Há um futuro melhor na página 67

Estava a triste amante a mirar
a história do amor esquecido
de um homem fraco, perdido,
por quem deixou coração amar.

Sempre as horas, entre nós, passando
e a alma quieta, sozinha e branca
deixando a tristeza, que era tanta,
a saudade, a felicidade levando.

Foleando o livro de capa celeste,
virando as páginas, melancólica,
esta história de uma vida, bucólica,
descobriu futuro na página sessenta e sete.

A morte da alma

Joguei lindos versos ao vento,
pensando que chegassem a ti,
meu personagem de contos raros,
viajante solitário que vi partir.

Dancei ao som das músicas
que tocam tuas mãos de amor,
viajei neste corpo, louco amante,
sonhei tão fraca que caí em dor.

Foi a morte da alma própria
desta branca borboleta que sou,
deixo levar-me pela fina dança
do vento forte que a ti levou.

Entre folhas mortas e flores murchas
encontrei a ti, falso beija-flor,
um grito de vida, quanta força,
a paixão agora transformada em dor.

terça-feira, 8 de maio de 2007

O Mundo sem ti

Sem ti não há vida,
não há amor, não há dor.
Sem ti não jogo o jogo,
não venço, não perco.

Sem ti calam-se pássaros,
murcham flores, correm amores.
Sem ti meu sorriso some,
minha boca fecha, dizendo teu nome.

Sem ti foge-me o tempo,
não conto segundos, morro de medo.
Sem ti vou-me embora,
deixo meus dias, o cinza aflora.

Sem ti coração é morto,
sentido vazio, um triste louco.
Sem ti nada acorda,
tudo demora, o mundo ancora.

domingo, 6 de maio de 2007

Primaveras

Foi embora, meu amor,
Nesse amor de páginas inventadas,
Nossa vida de dias, de rosas,
Nossos dias de vida, de prosas.

Foi embora, como a primavera,
O encanto de tuas mãos, me deram,
Alma de amor, pureza donzela,
Paixão que o tempo não espera.

Será a distância a separar
Duas flores que não se deixam
Parar nas tardes de se amar?

Será a primavera, tanta flor,
Leva embora o teu perfume,
Rouba de mim o teu amor?

Suspirar

Pensar em despedaçar sozinha
As pétalas das rosas ausentes;
Nesse amor por mim inventado
Sem pensar no tempo que perco.

Tentar criar ilusões de fadas,
Estas que nunca existiram;
Nos seus olhos fingir afogar,
Mesmo enxergando paraíso.

Encontrar ao seu lado fantasmas,
Fugir pela janela das saudades
Do seu perfume de vinho guardado,
De sua boca com gosto de maçã.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Abandono


Dizer-te estas lindas palavras,
Encher-te de amor em inteiro,
Cobrir corpo teu de beijos doces,
Fazer-te em mim, meu primeiro.

Se joguei palavras lindas ao vento,
Se perdi corpo meu, junto ao teu,
Nada valeu o amor que era só teu,
Recupero ainda o dia que correu.

Foges do amor que te dei,
Perdes puro e raro sentimento
Que a ti, meu amor, ofertei.

Perdes a alma que entreguei
Nas mãos tuas, julgamento,
Sem pensar, amor, que te deixei.

Sobre os rios que passam

Em seu rio de mentiras viajei,
Suas palavras de amor lavadas,
Perdidas em correnteza, incerteza,
Por mim, jamais, abandonadas.

Molhados meus versos esquecidos,
Escritos na areia, deixados ao vento,
Perdemos nossa história de sonhos,
Do amor que morreu ao relento.

Vou-me embora deste rio
De planos afogados nas águas
De dias navegando escondidos.

Deixo agora nosso barco
Livrando-me do seu rio
De lindos poemas esquecidos.

Sobre os pássaros que voam

Acreditei no canto dos pássaros
E segui seu vôo livre, disperso,
Por entre árvores e espinhos
Por entre sonhos e amores imersos.

De flor em flor os vi beijar,
Jogando versos brancos ao vento,
Deixando o amor jogado ao mar,
Abandonando a verdade ao relento.

O canto já não ouço mais,
Está trancado este mundo meu,
Já não sonho com o que me atrai.

Hoje não quero ser a flor
Recebendo os beijos dos pássaros
Que voam juntos para o amor.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

O beijo, o coração, o abraço

A mesma velha canção,
A mesma dolorosa saudade,
Me afoga agora no mesmo desejo,
E me traz daquela noite fria,
A lembrança de seu único beijo.

O beijo,
A cena que duraria eternamente,
O gosto que ficaria em minha boca,
Olhos fechados experimentando paixão,
Sonhos manchados ocupando meu coração.

O coração,
O palco da cena do beijo,
O gosto transformado em lembrança,
Olhos abertos registrando seu rosto,
Imagens perfeitas aspirando esperança.

A esperança,
O suspense da platéia,
O gosto transformado em espaço
Para os olhos pintados de lágrimas,
Que esperavam mais que um abraço.

O abraço,
A última e mais triste cena,
O gosto já não era mais louco desejo,
Para os olhos que já não buscavam
Um abraço, um coração, um eterno beijo.


Sentindo

Dizem teus olhos promessas e felicidade
Do futuro novo que em sonho enxerguei.

Bebe tua boca minha alma de bondade
Os doces versos, ainda não os declamei.

Imploram teus ouvidos o som da caridade
Que conforta teus sonhos no mundo que te dei.

Sente teu corpo, corpo meu em liberdade
Para unir espírito negro, que te entreguei.

Mariposas

As mariposas não entendem
A música das minhas asas
E o perfume das rosas que cheiro.
Por isso sou borboleta,
Que vive por mudar de voar o jeito.

Em jardins abandonados
Encontro o mais puro mel,
Que tem gosto da perdida vitória.
Sou borboleta que perdeu beija flor
Que contou sua história e a deixou.

Histórias de lindas noites
Onde as mariposas se escondem
E deixam a fria relva para nós.
Segure minhas asas esta noite,
Como se nunca me deixasse só.